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Archive for the ‘Doppelgänger’ Category

Ø

Não se sabe exatamente quem são. Permanecem incógnitos, quadrados até a raiz. Paralelos aos sentimentos, esforçam-se para nunca se encontrarem com eles, mesmo num espaço infinito. Seus corações não aceleram.

Adoram triângulos amorosos. Ao menor sinal de diferença, escapam pela tangente. Evitam o atrito ao máximo, com medo de serem jogados às esferas. Então esperam pelo próximo segmento de vida.

São obtusos à enésima potência. Tratam todos como concorrentes. Imunes à refração e à reflexão. Endotérmicos por natureza, sempre absorvem tudo para si. Sempre estão multiplicando, e jamais dividem. Jamais.

Não há teoria ou teorema que os explique. Neles está contida uma queda pelo negativo. Não suportam nem a menor das variáveis. Nada é capaz de alterar suas trajetórias, milimetricamente calculadas desde o instante inicial. Com ou sem uniformes, levam a vida sempre na mesma velocidade.

Esses são os seres vazios. Não são naturais, inteiros ou reais. São apenas complexos. Acreditam ter a solução para todos os problemas. Mal sabem que estão redondamente enganados. No fim das contas, tendem a zero.

(Doppelgänger: O Teatro Mágico – Os Insetos Interiores)

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Falta algo. Vácuo e ócio. Rotina, palavras, o tão sonhado ‘eu te amo’, dias inesquecíveis. Está tudo em baixa no mercado. A vida em recessão. Falta sentido.

Por que tudo isso? Pra que chegar até aqui? O sentimento ácido de liberdade me consome. O que sobrou pra falarmos? Estou cansado de ir pra qualquer lugar. Aguardo o dia em que estarei de frente com o nada que nos cerca. Encará-lo até tirar alguma coisa dele.

Meus heróis morreram de AIDS. Meus inimigos não estão no poder, mas às vezes rezo escondido pra que estivessem. Assim haveria pelo menos uma última batalha esperando para acontecer.

O que fazer quando o confortável torna-se insuportável? Estou aqui para falar. E a conclusão aterradora bifurca-se: ninguém está ouvindo ou simplesmente não há mais nada para se dizer?

Ideologia. Eu quero uma pra viver.

(Doppelgänger: The National – Lemonworld; Cazuza – Ideologia)

PS: Valeu @nahh_xD pela ajuda com a tríade!

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Os dois encontram-se na fila do bar. Mas nunca chegaram a se encontrar. Passavam longe do espelho.

Olharam um para o outro e não sabiam o que fazer de agora em diante. Então decidiram não pensar nisso. Tiveram ótimos momentos juntos. A semana na praia, a sessão de filmes embaixo das cobertas naquele sábado que não queriam sair de casa, os presentes no dia dos namorados…

E tudo foi acontecendo naturalmente. O primeiro beijo, a primeira transa. O primeiro gozo. Dele. O dela demorou um pouco mais. Mas ela nem ligou.

Mas com o tempo, veio a mutação. Fundiram-se num só corpo. Tornaram-se uma massa amorfa, branca. Saíram algumas vezes com a massa cinzenta, mas ela fumava demais. Demorou um tempo, mas encontraram seu próprio grupo de massas.

Meses depois, brigaram. Gritaram, traíram, choraram, estapearam-se. E não se resolveram. Estavam condenados à massa. Prisão, talvez perpétua. Fizeram a única coisa que podiam: investiram no negócio já falido. Não funcionou.

Contentaram-se com o insuportável. Eram mais que um? Quem sabe. Menos que dois? Certamente. Por fim, casaram-se. Sr. e Sra. Massa até que a morte os separe. Cirurgicamente.

Um dia, encontraram duas cabeças novas na cidade. Elas deram um beijo de despedida e separaram-se, cada uma foi pro seu canto. A massa gargalhou.

“Hoje em dia a gente vê de tudo!”

“Esse mundo tá perdido mesmo…”

(Doppelgänger: “filosofia” de MSN às 2 da manhã em pleno 1º de abril)

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