Não se sabe exatamente quem são. Permanecem incógnitos, quadrados até a raiz. Paralelos aos sentimentos, esforçam-se para nunca se encontrarem com eles, mesmo num espaço infinito. Seus corações não aceleram.
Adoram triângulos amorosos. Ao menor sinal de diferença, escapam pela tangente. Evitam o atrito ao máximo, com medo de serem jogados às esferas. Então esperam pelo próximo segmento de vida.
São obtusos à enésima potência. Tratam todos como concorrentes. Imunes à refração e à reflexão. Endotérmicos por natureza, sempre absorvem tudo para si. Sempre estão multiplicando, e jamais dividem. Jamais.
Não há teoria ou teorema que os explique. Neles está contida uma queda pelo negativo. Não suportam nem a menor das variáveis. Nada é capaz de alterar suas trajetórias, milimetricamente calculadas desde o instante inicial. Com ou sem uniformes, levam a vida sempre na mesma velocidade.
Esses são os seres vazios. Não são naturais, inteiros ou reais. São apenas complexos. Acreditam ter a solução para todos os problemas. Mal sabem que estão redondamente enganados. No fim das contas, tendem a zero.
(Doppelgänger: O Teatro Mágico – Os Insetos Interiores)